Apesar de a senhora Dilma Rousseff ter sido afastada da
presidência nesta semana, o vocábulo presidenta não será banido do dicionário. É
verdade que Dilma, em seu governo, provou ser muito criativa ao improvisar nos discursos:
inventou as “mulheres sapiens”, saudou a mandioca e quis até estocar vento.
Esses e outros pronunciamentos foram extremamente profícuos para os humoristas
e a população em geral se divertirem. Além disso, a ex-guerrilheira colaborou —
e muito — para o surgimento dos neologismos “petrolão”, que dispensa
apresentações, e “pedalada fiscal”, termo engenhosamente cunhado para explicar
a manipulação igualmente engenhosa das contas públicas.
Contudo, ela não criou o vocábulo presidenta. Ela apenas
preteriu a opção “a presidente”, muito mais usual, buscando, talvez, uma
diferenciação ou algum mérito no título de ser a primeira mulher a ocupar o
cargo que ela, infelizmente, provou não merecer. Conforme o dicionário Houaiss,
presidenta existe desde 1872. E o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa
da Academia Brasileira de Letras também o registra, embora não indique o
significado nem a origem.
No entanto, porque a língua portuguesa é viva e dinâmica e
porque Dilma sai do governo com uma imagem desgastada, atingindo altos índices
de reprovação, a palavra presidenta pode cair no ostracismo ou — pior —
adquirir uma conotação negativa. Mas isso é uma tendência, e só o tempo
confirmará.
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