Paralelismo
é uma convenção estabelecida na linguagem escrita que “consiste em apresentar
ideias similares numa forma gramatical idêntica” (MORENO e GUEDES, Curso básico de redação, 1988). Em
outras palavras, ocorre paralelismo quando coordenamos termos ou orações
idênticas, isto é, que têm a mesma função sintática, por exemplo:
O presidente
visitou Roma e Paris.
Neste
caso, temos a coordenação de dois substantivos próprios “Roma” e “Paris”. Note
que são duas cidades. Portanto, está errado escrever:
O
presidente visitou Roma e o papa.
Na
reescrita da frase, coordenamos dois termos que não são idênticos, o que
caracteriza o erro de paralelismo. A saída nesse caso é desdobrar a frase ou
reescrevê-la. Exemplo:
O
presidente visitou Roma e se encontrou com o papa.
O
paralelismo também se dá com as orações. Exemplo:
O
presidente mandou que cortassem os juros e que reduzissem os gastos.
No
exemplo acima, temos a coordenação de duas orações subordinadas substantivas
objetivas diretas: 1. “que cortassem os juros”; 2. “que reduzissem os gastos”. Note
agora a seguinte alteração:
O
presidente mandou cortar os juros e que reduzissem os gastos.
Neste
caso, observe que, apesar de continuar ligando duas orações subordinadas substantivas
objetivas diretas, elas não são mais idênticas, pois a primeira é reduzida e a
segunda é desenvolvida. Portanto, é um erro de paralelismo.
Em
outras palavras, tentando simplificar, a dica é usar a mesma forma verbal nas
orações que você estiver unindo.
Desta
forma, ao analisarmos a seguinte notícia de jornal, vemos um erro de
paralelismo:
“(...)
o texto aprovado ontem na Comissão de Assuntos Econômicos, e que continua tramitando no Congresso, muda a relação
entre patrões e empregados.”
A
conjunção “e” deveria ligar dois termos ou orações idênticas. Contudo, ela está
ligando uma oração principal e uma oração subordinada adjetiva explicativa. A
solução é simples:
“(...)
o texto aprovado ontem na Comissão de Assuntos Econômicos, o qual continua tramitando no Congresso, muda a
relação entre patrões e empregados.”
Observação, segundo a amiga Aurora, "papa" deveria ser grafado em letra maiúscula. Esta regra existe, de fato. Contudo, baseei-me em outra para redigir este texto. A imagem a seguir foi retirada do "Manual de Redação e Estilo" do jornal "O Estado de S. Paulo".
Observação, segundo a amiga Aurora, "papa" deveria ser grafado em letra maiúscula. Esta regra existe, de fato. Contudo, baseei-me em outra para redigir este texto. A imagem a seguir foi retirada do "Manual de Redação e Estilo" do jornal "O Estado de S. Paulo".
Queria fazer duas observações. Papa, pelo que sei, escreve-se com maiúscula. Ainda não tinha visto escrito com minúscula. O Papa é chefe de Estado. Por isso, a meu ver, subentende-se que quando o presidente visita Paris, ele está na verdade visitando a sede do governo francês. Sendo assim, não acho errado que ele visite o Papa, que é o chefe de Estado do Vaticano. Portanto, não acho errado que se escreva: O presidente visitou Roma (sede do governo italiano) e o Papa (chefe de Estado do Vaticano). Poderia dizer Roma e Vaticano, mas parece que a forma mais conhecida é Papa.
ResponderExcluirCara Aurora Boreal,
ExcluirFico muito feliz com seu comentário. Fique sempre à vontade para comentar, discutir e debater.
Quanto à grafia de papa, não existe, na verdade, uma regra definitiva e única. Tudo depende do meio em que você escreve. Segundo o "Manual de Redação da Presidência da República", "Papa" deve ser grafado em maiúscula, assim como todos os cargos, exemplo, Presidente, Ministro, etc. Ponto para você.
Contudo, segundo o "Manual de Redação do jornal 'O Estado de S. Paulo'", devemos escrevê-lo em minúsculo.
Quanto à sua segunda observação, não podemos dizer que Roma e o papa são instituições idênticas. Meu exemplo foi retirado do "Manual de Redação da Presidência da República", página 50.
Excelente texto. Muito didático e esclarecedor.
ExcluirObrigada.
Obrigado pelo comentário, Rafaella. Meu objetivo é ajudar. Volte sempre.
ExcluirPoderia, por favor, citar um gramático respeitado que considere a falta de paralelismo um erro gramatical, e não uma contraindicação estilística genérica e com exceções? (Exceções como a que acabei de exemplificar: "genérica e com exceções". Se isto é erro, nenhum escritor de língua portuguesa sabe escrever certo.)
ResponderExcluirCaro Percival,
ExcluirVou citar um ótimo livro para você ler e se aprofundar no estudo de paralelismo: "Comunicação em prosa moderna", de Othon M. Garcia. O livro é excelente. A edição que tenho em casa é a 26ª (!). Nele, você encontra os vários tipos de paralelismo (semântico, sintático, isométrico, etc.).
Cito aqui um trecho muito explicativo encontrado nas páginas 52 e 53.
"Se coordenação é, como vimos, um processo de encadeamento de valores sintáticos idênticos, é justo presumir que quaisquer elementos da frase — sejam orações sejam termos dela —, coordenados entre si, devam — em princípio pelo menos — apresentar estrutura gramatical idêntica, pois — como, aliás, ensina a gramática de Chomsky — não se podem coordenar frases que não comportem constituintes do mesmo tipo. Em outras palavras: a ideias similares deve corresponder forma verbal similar. Isso é o que se costuma chamar paralelismo ou simetria de construção.
Entretanto, o paralelismo não constitui uma norma rígida; nem sempre é, pode ou deve ser levado à risca, pois a índole e as tradições da língua impõem ou justificam outros padrões. Trata-se, portanto, de uma diretriz, mas diretriz
extremamente eficaz, que muitas vezes saneia a frase, evitando construções incorretas, algumas, inadequadas, outras.
(...)
Qualquer dessas formas é sintaticamente inatacável; todavia, a que observa o paralelismo parece, do ponto de vista estilístico, mais aceitável."
Gostei da postagem!
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